Noé, segundo O Livro de Urântia

Noé, segundo O Livro de Urântia

As tradições de uma época em que a água cobria toda a superfície da Terra são universais. Vamos ver quem foi Noé, segundo O Livro de Urântia?

Muitas raças alimentam a história de uma enchente de amplidão mundial, em alguma época das idades passadas.

A história bíblica de Noé, da arca e da enchente, é uma invenção do sacerdócio hebreu durante o seu cativeiro na Babilônia.

Nunca houve uma enchente universal, desde que a vida foi estabelecida em Urântia (planta Terra).

A única época em que a superfície da Terra esteve completamente coberta pela água foi durante as idades arqueozóicas, antes que as terras começassem a aparecer.

Entretanto, Noé existiu realmente; foi um fabricante de vinho em Aram, uma colônia junto ao rio, perto de Erec.

Ele mantinha um registro escrito dos dias de alta do rio, ano após ano.

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Chegou a ser bastante ridicularizado, quando subia e descia o vale do rio, advogando que todas as casas devessem ser feitas de madeira, no feitio de barcos; e que os animais da família fossem colocados a bordo todas as noites, quando se aproximasse a estação das enchentes.

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Ia, todos os anos, às colônias ribeirinhas da vizinhança prevenir sobre enchentes que, chegariam dentro de alguns dias.

Finalmente, veio um ano no qual as enchentes anuais aumentaram bastante, por causa de uma chuva anormalmente pesada;

De modo que, a súbita elevação das águas levou toda a aldeia; apenas Noé e os mais próximos, na sua família, salvaram-se na sua casa flutuante.

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Noé, segundo O Livro de Urântia

A arca de Noé

Sete em cores, de repente
O arco-íris se desata
Na água límpida e contente
Do ribeirinho da mata.

O sol, ao véu transparente
Da chuva de ouro e de prata
Resplandece resplendente
No céu, no chão, na cascata.

E abre-se a porta da Arca
De par em par: surgem francas
A alegria e as barbas brancas
Do prudente patriarca

Noé, o inventor da uva
E que, por justo e temente
Jeová, clementemente
Salvou da praga da chuva.

Tão verde se alteia a serra
Pelas planuras vizinhas
Que diz Noé: “Boa terra
Para plantar minhas vinhas!”

E sai levando a família
A ver; enquanto, em bonança
Colorida maravilha
Brilha o arco da aliança.

Ora vai, na porta aberta
De repente, vacilante
Surge lenta, longa e incerta
Uma tromba de elefante.

E logo após, no buraco
De uma janela, aparece
Uma cara de macaco
Que espia e desaparece.

Enquanto, entre as altas vigas
Das janelinhas do sótão
Duas girafas amigas
De fora as cabeças botam.

Grita uma arara, e se escuta
De dentro um miado e um zurro
Late um cachorro em disputa
Com um gato, escouceia um burro.

A Arca desconjuntada
Parece que vai ruir
Aos pulos da bicharada
Toda querendo sair.

Vai! Não vai! Quem vai primeiro?
As aves, por mais espertas
Saem voando ligeiro
Pelas janelas abertas.

Enquanto, em grande atropelo
Junto à porta de saída
Lutam os bichos de pêlo
Pela terra prometida.

“Os bosques são todos meus!”
Ruge soberbo o leão
“Também sou filho de Deus!”
Um protesta; e o tigre – “Não!”

Afinal, e não sem custo
Em longa fila, aos casais
Uns com raiva, outros com susto
Vão saindo os animais.

Os maiores vêm à frente
Trazendo a cabeça erguida
E os fracos, humildemente
Vêm atrás, como na vida.

Conduzidos por Noé
Ei-los em terra benquista
Que passam, passam até
Onde a vista não avista.

Na serra o arco-íris se esvai…
E… desde que houve essa história
Quando o véu da noite cai
Na terra, e os astros em glória

Enchem o céu de seus caprichos
É doce ouvir na calada
A fala mansa dos bichos
Na terra repovoada.

Vinicius de Moraes

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